Faz tempo que queria falar desse livro aqui no blog, pois a sua leitura foi uma experiência ímpar em minha vida, eu não conseguia parar de ler! Quennie é uma história que te paralisa, pois é um livro sobre a realidade extrema e aterrorizante da vida.
O livro conta a história de Queenie Jenkins, que tem 25 anos e é uma jovem jamaicana-britânica, é a única mulher negra trabalhando em um grande jornal de Londres. Ao ver sua vida virar de cabeça para baixo após o fim de seu relacionamento de três anos com um homem branco, ela busca conforto em todos os lugares possíveis, incluindo vários outros homens. Tentando recuperar a já precária autoestima, ela se envolverá em uma série de relações problemáticas que a fazem pensar sobre as experiências traumáticas que viveu na infância. Entre comparações com suas amigas, tentativas de estabelecer sua identidade e lutas para enfrentar seus demônios, Queenie nos guia por uma aventura com tenacidade e humor incomparáveis, a fim de provar que a vida da mulher negra é tão importante quanto as outras.
Sinopse retirada da Amazon
A leitura desse livro me impressionou tanto que eu sai falando pra todo mundo sobre ele, mas o porquê dele ter me impressionado ? Simplesmente porque Candice sabe relatar um coração ansioso e uma mente confusa de forma exemplar. Quantas vezes não me senti dentro do corpo de Quennie entendendo seus medos e assim conseguindo ver o mundo através de seus olhos.
Em minha opinião Quennie não se amava e por não ter esse amor próprio aceitava qualquer tipo de amor. Passou 3 anos da sua vida sendo tratada como um nada, em um relacionamento sem compreensão e aceitando toda agressão racista velada da familia do namorado, apenas por que achava que o amava e queria permanecer naquele relacionamento, mas vemos que na verdade ela não o amava, mas era totalmente dependente dele. E mesmo depois do término ela ainda sem amor próprio corre atrás do ex e se deixa envolver com caras com índoles duvidosas.
É bom observar a evolução de Quennie ao decorrer do livro, pois ela começa a fazer terapia e após algumas sessões você acompanha a restruturação de seus pensamentos. Algo que achei interessante no livro é ver a relação da familia de Queenie quando se fala de terapia. Sua avó até diz que mulheres Jamaicanas não precisavam disso que ela eram fortes sozinha, equanto o seu avô a apoia e acredita que sua geração tivesse acesso a terapia não teriam sofrido tanto. Assim percebemos o como a terapia e questões psicológicas ainda são tão mal vistas pelas gerações mais velhas.
Mesmo com temas tão sérios, e importantes, como racismo e abusos sexuais, a leitura não é algo pesado, pelo contrário a autora trouxe uma leveza ao tema bem como tratamos muitas vezes em nossas vidasl. Você terá momentos que dará boas risadas com a Quennie e seus familiares, já que assim como a vida real nem tudo é só tristeza.
A escrita de Candice é fluida, profunda e divertida. Você não se cansa de ler, pelo contrário você lê quase o livro inteiro sem nem perceber. Acredito fielmente que quando escrevemos aquilo que conhecemos e com a verdade do nosso coração conseguimos transmitir de forma exemplar nossas emoções e vivências, e Candice soube transmiti-las sem erros.
O romance tem um desfecho satisfatório em que observamos a conquista de amor próprio de Quennie e o momento que ela resolve tomar as rédeas da própria vida, sem mendigar amor a mais ninguém e assim quebrando um ciclo interminável de micro agressões e abusos que pode ser visto nas mulheres de sua família.
È uma leitura que vale muito a pena, não só pelas reflexões que ela traz, mas também por ser um livro divertido e muito bem escrito. Estou animada para ler mais obras da autora!
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