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Foto do escritorGrazieliAnjos

Santiago, com amor

Atualizado: 28 de mai.



Para mim, iria ser só mais uma viagem que eu faria, como diversas outras que já fiz. Amo viajar e já visitei mais de 10 países e já fui em quase todos os estados brasileiros. O Chile seria apenas mais um país na minha lista. Porém, eu não poderia estar mais enganada, tudo mudou de uma forma maluca quando eu decidi entrar em um aplicativo de namoro só por brincadeira e aí, entre likes e deslikes eu o encontrei! 


Naquele primeiro momento, o que mais me chamou atenção foi aquele sorriso largo na foto, parecia que eu já conhecia aquele sorriso de algum lugar e ele mexeu comigo profundamente. Já consegui visualizar toda a nossa vida juntos. Eu, de alguma forma, sabia que teríamos uma história de amor para contar. Despertei das minhas infinitas imaginação e naquele quarto de hotel chinfrim dei o primeiro passo para o meu futuro. Fiquei surpresa quando vi que ele também me curtiu e logo deu Match.


Eu já estava pronta para mandar mensagem, mas ele foi mais rápido e mandou um “!Holla!”. Aquela era a oportunidade de conhecer um boy novo e ainda treinar meu espanhol. Respondi com um espanhol meia boca e já fui abrindo o google tradutor.


Ficamos horas ali conversando em um “portunhol” improvisado sobre vários assuntos variados. Logo, percebi termos a mesma visão sobre a vida! Ele fazia umas piadas idiotas que me tiravam umas boas gargalhadas e o papo estava tão excelente que até desconfiei de que aquilo tudo era real, não estava acostumada com papos bons que fluem tão naturalmente no tinder. Estava acostumada apenas com caras idiotas que pareciam relógios que só me davam bom dia e boa noite, como se precisassem sempre me informar que horas eram, mas não se aprofundavam em assunto nenhum.


Já o meu boy chileno, que se chamava Matias, era diferente. Ele parecia estar genuinamente interessado em tudo que eu falava. Pode parecer maluquice, mas eu senti logo na primeira troca de palavras que teríamos uma história e por isso aceitei sair com ele, sem pensar duas vezes e nem cogitar os perigos de sair com alguém desconhecido em outro país. Talvez eu tenha sido um pouco irresponsável, mas todas as boas histórias começam com um pouco de irresponsabilidade e a minha não podia ser diferente.


Marcamos em um dos barzinhos no pátio Bela Vista, lugar super conhecido em Santiago. Ainda não havia ido lá e o local estava no meu roteiro, então não tinha nem como recusar o convite. Me arrumei por completo, pensando em mil e uma possibilidades de desistir daquela loucura. A Cecília de antes com certeza estaria longe de se arrumar para conhecer um cara do Tinder, já a versão da Cecilia atual estava ansiosa por essa nova aventura.

Terminei de me arrumar e tentei ficar o mais apresentável possível, sem parecer estar me “oferecendo” ou coisa do tipo. Nem sabia o porquê de ainda ter esses pensamentos tão retrógrados em minha mente, mas era difícil não pensar no que ele iria achar de mim.


Pedi um uber e, ainda no carro, pensei em desistir, talvez o pensamento de desistência tenha passado mais de mil vezes em minha mente. As pessoas me achavam muito aventureira por viver viajando sozinha pelo mundo afora, mas a verdade é que eu vivia lutando contra os meus demônios para viver o meu sonho de conhecer o mundo, pois se fosse pelas vozes em minha cabeça, talvez eu nem saísse de casa.


Cheguei no local e fui direto para o bar que havíamos combinado. O ambiente era bem agradável e agitado, o que me deixou tranquila. Pelo menos não estaria sozinha com ele e daria a oportunidade de pedir ajuda ou sair correndo se ele fosse um maníaco pronto para me atacar.


Sentei-me em uma mesa no canto e mandei mensagem para o Matias avisando que havia chegado e o estava esperando. Ele falou que também estava por ali e comecei a procurá-lo, e foi quando o encontrei. Ele sorriu para mim e eu quase caio para trás, ele era muito mais bonito pessoalmente que nas fotos e aquilo era raro, pelo menos segundo as minhas experiências anteriores nesses aplicativos de namoros.


_ Olá–disse ele com um portunhol arrastado - Vi em seu rosto que ele estava nervoso, e pelo visto tinha uma timidez diferente e intrigante.

_ Olá. - respondi já dando um beijo rosto que o assustou um pouco, mas logo ele abriu um grande sorriso.


O que seria daquele encontro eu não sei dizer, nem eu falava espanhol direito, nem ele falava português. Mas percebi que a linguagem do amor não tinha idioma e conseguimos nos fazer entender. E quando finalmente ele me beijou, tive ainda mais certeza de que para beijar alguém não era nada necessário falar o mesmo idioma.


Depois do beijo, olhei em seus olhos chilenos e sabia que a partir de agora eu tinha um destino maior no Chile. Agora, me restava saber se ele teve o mesmo pensamento, mas isso é história para um novo capítulo.

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